quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mestranda Termisia Luiza Rocha

Colegas, estou postando novamente o artigo que selecionei, só que desta vez, devidamente identificado, como solicitado pelas professoras.


AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: RISCOS E NECESSIDADES DENTRO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES - Maria da Assunção Calderano (Professora Associada UFJF)


a) O Objeto de estudo


Avaliações escolares aplicadas por professores dos anos iniciais e avaliações aplicadas em alunos de cursos de Pedagogia.


b) O problema da pesquisa


Observações apontam que nem sempre a avaliação é vista como um procedimento de diagnóstico associado a uma tomada de atitude junto aos sujeitos envolvidos, dentro da qual se traçam estratégias para se atingir novos objetivos claramente expostos e devidamente justos. Por vezes, ao contrário, a avaliação é vista quase puramente como um objeto de poder e em suas entrelinhas, de punição.
Aquele que detém o poder de avaliar é também aquele que detém o poder de aprovar ou não, de classificar ou não, de rotular ou não. Às vezes também a avaliação é marcada por posicionamentos pessoais e iniciativas isoladas – não constituindo uma política de avaliação interna as instituições educacionais.
Em outras circunstâncias, a avaliação também é vista em outro extremo, como decorrente, partícipe e refém de uma política de avaliação nem sempre compartilhada pelos sujeitos envolvidos no processo – gestores educacionais, professores, alunos.
Como encarar esse dilema e construir e fortalecer uma alternativa que de conta dessas complexidades?
Observando os diferentes tipos de contextos e de avaliação, cabe indagar: Para que serve a avaliação? Ela e um retrato do qual se faz um rotulo? Um filme, dentro do qual se percebe um cenário com diversos atores? Um mapa que localiza o ponto em que se encontra e as possibilidades para se chegar ao ponto que se espera?
Para cada uma dessas possibilidades há sempre riscos e o processo de avaliação, embora necessário, torna-se objeto de novos cuidados e indagações, como por exemplo: Quem avalia o avaliador? Quem forma o avaliador? Quem avalia o que esta sendo entendido como objeto e avaliação? O que esta sendo avaliado? Quais os itens ou indicadores presentes no processo e no ato da avaliação? Com que objetivos se avalia? O que se faz a partir dos resultados da avaliação?


c) Os objetivos da pesquisa

- Defender que a lógica de análise dos processos avaliativos deve contemplar aspectos singulares, independentemente de se tratarem de uma avaliação em larga escala, uma avaliação de um processo de ensino aprendizagem, uma avaliação pontual, seja em espaço escolar, seja no campo acadêmico.
- Socializar com professores que a avaliação precisa tomar para si o processo de construção pelo qual a aprendizagem de faz e não apenas declarar um valor final sem um olhar interno aos processos anteriores.
- Difundir a prática da relativização e declarar como acertada uma resposta que se opõe ao que se espera.
- Buscar compreender os processos utilizados na construção da resposta a fim de diagnosticar os nos da aprendizagem e superar que deturpam o que esta sendo focalizado pela subjetividade daquele ou daqueles que se dispõe a analisar e conferir um sentido aos “resultados” encontrados.
- Refletir sobre a lógica do que pode ser identificado como “erro”.
- Desvendar a lógica dos “não acertos” qualificando os caminhos possíveis ao seu acesso para, a partir deles, apontar novas possibilidades de acerto.
- Defender que a lógica de análise dos processos avaliativos deva contemplar esses aspectos, independentemente de se tratarem de uma avaliação em larga escala, uma avaliação de um processo de ensino aprendizagem, uma avaliação pontual, seja em espaço escolar, seja no campo acadêmico.



d) A metodologia

 - Pesquisa de ordem qualitativa e quantitativa realizadas com concluintes do curso de pedagogia que já atuam como professores, com egressos do curso e ainda com profissionais oriundos de diversos cursos de pedagogia e estudo com sete Instituições de Ensino Superior de Minas Gerais, cujos dados foram levantados junto a 230 professores em serviço.
- Os relatos de pesquisa consultados são oriundos do diário de campo do pesquisador, bem como os depoimentos coletados através de entrevistas foram construídos dentro de um trabalho de investigação


e) O referencial teórico

A avaliação escolar e um meio e não um fim em si mesma; esta delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada pratica pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas esta dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, conseqüentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na pratica pedagógica.(CALDEIRA,2000, p.122).

Recentemente, a avaliação da quarta geração fica caracterizada pelo processo imperativo, negociado, que se fundamenta num referencial teórico construtivista e num enfoque responsivo. Parte de preocupações, proposições ou controvérsias em relação ao objeto da avaliação. E construtivista uma vez que supera o modelo cientifico e tecnicista, predominante ate então, abrangendo também os aspectos humanos, políticos, sociais, culturais, e éticos, envolvidos no processo. Vale ressaltar que embora marcada pela flexibilidade, a concepção responsivo-construtivista não exclui os procedimentos do tipo ordenado, e cientificamente mais orientados, apenas os incorpora, desde que a responsividade  e as preocupações das diferentes situações assim o exigirem”. ( SILVA, 2008, p.99-100)
Não ha nada que assegure a total imparcialidade de dados, e não e mesmo esperado que exista total neutralidade em um processo de avaliação. [...] Assim, somente e possível a realização desse processo quando são assegurados e explicitados critérios de julgamento e analise dos dados. Sem esse cuidado, um processo bem intencionado de legitimação pode se transformar em jogo de opinião. (SOUZA, MARCONDES, ACOSTA, 2008, p.35

Entre tantos, podemos citar alguns autores que explicitam concepções e refletem sobre os processos de avaliação (SAUL 1988; CALDEIRA, 2000; GATTI, 2003; LUCHESI, 1995, 2003; AZZI, 2001; HOFFMAN, 2000; NOVAES e MUSSE, 2008), entre outros.


f) Os resultados

Nessa investigação, os egressos dos cursos de pedagogia que atuam em escola, ao serem indagados sobre o curso de formação inicial no que tange a preparação por ele oferecida quanto a avaliação de processos de ensino e aprendizagem, disseram, em sua grande maioria, que o curso os preparou apenas “parcialmente” (50,7%); 43% disseram que o curso os preparou “adequadamente”. Afirmam que o curso “não preparou” 6,3% e, 3,1% não quiseram responder.
Notamos que o desenvolvimento do processo do ensino e aprendizagem e, da mesma forma, os processos de avaliação e acompanhamento desse percurso, nos cursos de formação inicial, são pouco aprofundados.
Observamos também que não há uma prática sistemática de discussão sobre os processos de avaliação, seja nos cursos de graduação, seja nas escolas. Muito pouco ou nada se discute a esse respeito.
O conteúdo da avaliação também não parece ser objeto de atenção coletiva. Nem sempre se avalia a identificação de um conceito, por exemplo, e sua aplicabilidade, mas a interpretação dele que por sua vez dá margem a uma amplitude de compreensão passível de se desvirtuar a idéia originalmente proposta pelo autor, devido à falta de um conhecimento mais apropriado dos fundamentos da tese por ele apresentada.


Um comentário:

  1. Oi, Termísia!
    Concordo que a avaliação deve fazer parte da construção do conhecimento, mas isso nem sempre acontece, conforme ficou demonstrado pelo trabalho apesentado. Ficou clara a necessidade de enfatizar a questão da avaliação nos cursos de formação de professores.

    Obrigada.
    Abraço.
    Carla Alessandra

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